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Flash da Ciência

Licencianda em Física elabora material inclusivo para estudo de Calorimetria

Objetivo é promover acessibilidade e auxiliar no processo de ensino e aprendizagem de estudantes com deficiência visual

  • Publicado: Sexta, 29 de Novembro de 2024, 15h23
  • Última atualização em Quinta, 12 de Dezembro de 2024, 16h42
Marília Souza de Oliveira desenvolveu o material durante sua participação no Programa de Iniciação à Docência, quando teve contato com o discente do técnico em Instrumento Musical, Alexandre, que tem deficiência visual
Marília Souza de Oliveira desenvolveu o material durante sua participação no Programa de Iniciação à Docência, quando teve contato com o discente do técnico em Instrumento Musical, Alexandre, que tem deficiência visual

Estudante do curso de Licenciatura em Física do Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG) desenvolveu pesquisa com intuito de elaborar material didático para o ensino de Calorimetria, uma área da Física, a alunos com deficiência visual. A ideia surgiu no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e foi apresentado no Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica do IFG pela licencianda em Física, Marília Mari Souza de Oliveira, com orientação do professor Lucas Bernardes Borges.

O material foi elaborado para o estudo de escalas termométricas, tema da Calorimetria, utilizando insumos de fácil acesso e de baixo custo orçamentário, tendo em vista a realidade das escolas públicas brasileiras. Com canudos e EVA, foram montados os gráficos para dar forma às escalas termométricas em Celsus, Fahrenheit e Kelvin. As informações foram impressas em braille. O intuito do material foi permitir que discentes com deficiência visual verificassem por meio do tato algumas das principais características desse conteúdo e participar ativamente do processo de ensino e aprendizagem nas aulas.

 


Alto-relevo do material e as informações das escalas termométricas em braille permitem o entendimento dos conceitos de Calorimetria 

O professor Lucas Bernardes, que é membro do Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Especificas (Napne) do Câmpus Goiânia, conta como surgiu a ideia da pesquisa. “Fui supervisor no último ciclo do Pibid e para a imersão dos pibidianos (alunos que participam do programa de iniciação à docência) na escola, escolhemos o segundo ano do Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Instrumento Musical, por apresentar vários casos atendidos pelo Napne. Cada pibidiano acompanhou um ou mais alunos da turma e a Marília ficou com um aluno cego. Ela se identificou muito com a educação inclusiva e surgiu a ideia de submetermos um projeto de iniciação científica no intuito de elaborar materiais didáticos que favorecessem o aprendizado dele na disciplina, motivo da pesquisa ser na área de Calorimetria”, explica.

Ainda de acordo com o docente, diversos estudos mostram a importância de materiais didáticos que atendam às necessidades educacionais específicas de estudantes com deficiência visual para promover um aprendizado mais eficaz e a inclusão. “O material elaborado aborda as três escalas termométricas mais conhecidas (Celsius, Fahrenheit e Kelvin) e o aluno por meio das suas mãos pode verificar as características e as informações de cada uma delas por estar em alto-relevo e em Braille”, completa.

 


Além de desenvolver o material, Marília também acompanhou o estudante Alexandre Augusto durante o Programa de Iniciação à Docência

Para a licencianda em Física e pesquisadora do projeto, Marília de Oliveira, a experiência foi enriquecedora. “Mudou a forma como eu enxergo um ser humano, o respeito pelo indivíduo e entender que cada um tem sua forma de aprender e potencialidade para isso”, comenta.

A mãe do Alexandre Augusto Pereira Silva, aluno do curso técnico integrado em Instrumento Musical e para quem o material foi desenvolvido, afirma que o desenvolvimento do filho foi notável. “O material adaptado fez com que ele compreendesse a matéria da forma concreta, de um modo em que ele acompanhasse de fato a explicação tanto do professor quanto da Marília. Até a prova ele conseguiu fazer de forma ágil. Tudo o que lhe foi ensinado ele registrava em braille para não esquecer e isso é fundamental para a pessoa com deficiência visual. Como o Alê, devido o autismo, ele tem foco em exatas, o material transcrito ajudou muito”, conta Luiza Inês.

 


Na imagem: Luiza Inês, Marília, Alexandre Augusto, Fabrícia Nayara (do Napne) e Lucas Borges

Parceria

A pesquisa contou também com o envolvimento da equipe do Napne do Câmpus Goiânia, justamente pela sua missão de acompanhar e auxiliar na inclusão de discentes com necessidades educacionais específicas. A professora do Núcleo, Fabrícia Nayara Barreto da Silva, reforça que muitas das exemplificações essenciais para compreender o conteúdo de Física são visuais e a falta de material adequado torna-se uma barreira para o desenvolvimento de alunos com baixa visão ou cegos. “O Napne reconhece o trabalho da Marília, juntamente com o Lucas, como um trabalho de excelência, pois não se intimidaram ao ver as dificuldades que aparecem na sala de aula regular, nem negligenciaram o aluno com deficiência [...], arregaçaram as mangas junto ao Napne e mostraram que, sim, é possível incluir e é possível transpor conhecimentos complexos, como conteúdos de Física a alunos com deficiência utilizando materiais de fácil produção e baixo custo”.

Fabrícia acrescenta ainda que o material auxilia também na transposição do conteúdo a estudantes com deficiência intelectual, autismo e transtornos específicos de aprendizagem. “É um tipo de ferramenta que pode ser utilizada com todo o público estudantil e potencializa a aprendizagem coletiva”.

 

Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia.

 

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